domingo, 14 de dezembro de 2014

Educação e Inclusão Digital


O Papel da Inclusão Digital na Gestão Escolar

Muito se fala da inclusão digital, da disposição de computadores, do acesso à internet e da aprendizagem da técnica de uso destes nas escolas, como se só isso, fosse suficiente para  integração dos alunos ao mundo globalizado, à era da informação e do conhecimento. Esta disponibilidade de acesso é só a base para construção do conhecimento, interligando diferentes realidades e espaços, identificando semelhanças e diferenças, refletindo e atuando, desenvolvendo o senso crítico, a autonomia e o comprometimento com bem comum essenciais para construção da sociedade da informação democrática e includente.
A sociedade em rede em que vivemos faz da escola um micro ponto desta. A gestão escolar tem a incumbência de fazer do espaço escolar um ponto de conexão, não só com a comunidade local, mas com o mundo. As tecnologias de informação e comunicação devem estar disponíveis, acessíveis e utilizadas com responsabilidade e criticidade para o desenvolvimento da formação integral favorecendo o trabalho docente e dinamizando o processo de ensino aprendizagem. De acordo com Castells:
 [...] difundir a Internet ou colocar mais computadores nas escolas, por si só, não constituem necessariamente grandes mudanças sociais. Isso depende de onde, por quem e para quê são usadas as tecnologias de comunicação e informação. O que nós sabemos é que esse paradigma tecnológico tem capacidades de performance superiores em relação aos anteriores sistemas tecnológicos. Mas para saber utilizá-lo no melhor do seu potencial, e de acordo com os projectos e as decisões de cada sociedade, precisamos de conhecer a dinâmica, os constrangimentos e as possibilidades desta nova estrutura social que lhe está associada: a sociedade em rede. (CASTELLS, 2005, p.19)

Henry Jenkins (2008, p. 50) destaca que enquanto o foco permanecer no acesso, a reforma permanecerá concentrada nas tecnologias; assim que começarmos a falar em participação, a ênfase se deslocará para os protocolos e práticas culturais.
            A informação, a comunicação, enfim a interação da comunidade escolar em rede é um grande desafio para equipe gestora que deve abrir os canais de comunicação on-line como blogs, perfil nas redes sociais, e-mail e mensagens, mantendo-os atualizados, coletando opiniões e sugestões, dando feedback, promovendo a participação de todos, contribuindo para gestão democrática.
            Cabe a gestão escolar oferecer espaço virtual interativo para construção coletiva, pois de acordo com Paulo Roberto Montanaro a sociedade em rede não é simplesmente um emaranhado de pessoas penduradas por meio da tecnologia, onde elas se conectam, conversam umas com as outras, batem papo ou tem acesso a um universo de informações de todos os tipos. Este espaço virtual precisa estar a serviço do conhecimento da realidade, da  compreensão e intervenção desta, buscando recursos para transformá-la.
            Paulo Roberto Montanaro destaca que a inclusão digital não deve abordar somente a questão tecnológica, mas principalmente as questões políticas, sociais e educativas. Estar incluído digitalmente, não é só poder e saber usar as tecnologias de informação e comunicação é preciso muito mais, o acesso à educação é primordial para que a inclusão digital seja realmente alcançada. Montanaro afirma:
A inclusão digital se dá, portanto, não com o acesso à tecnologia pura, mas sim como parte de um processo de inclusão social. O uso das tecnologias deve buscar, antes de tudo, um avanço no bem-estar de todo um grupo social, favorecendo sua cultura, suas necessidades e suas particularidades. Somente desta forma a massa excluída estará, de fato, inserida neste ciberespaço. E o papel de um gestor educacional é absolutamente central nesse processo, assumindo a liderança no debate da comunidade escolar para que se encontrem caminhos de se inserir as tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem de forma contextualizada no projeto político-pedagógico. (MONTANARO, 2014, p. 7)

Mercado L. P. (Org.) Em Aberto, Brasília, v. 22, n. 79, p. 91-103, jan. 2009. Aborda as novas tecnologias como propulsoras para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e comportamentais favorecendo a formação da cidadania contribuindo para uma melhor compreensão das questões globais e locais para novas formas de pensar e fazer a educação, sendo a escola o espaço privilegiado para promover a alfabetização midiática como parte do processo de ensino aprendizagem vinculada ao projeto político pedagógico da escola visando o desenvolvimento integral em suas dimensões cognitivas, sociais e afetivo-emocionais.
A reelaboração do Projeto Político Pedagógico tem como objetivo não só abordar o uso das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem, mas também possibilitar a comunidade escolar a participação em rede, principalmente àqueles que devido ao trabalho ou outros compromissos não possam comparecer pessoalmente à escola nos encontros agendados.
A escola tem a responsabilidade e ao mesmo tempo a oportunidade de propiciar aos seus alunos a inclusão digital com o uso das tecnologias de informação e comunicação, assegurando que a aprendizagem seja resultante de um processo educativo relevante para o sujeito que aprende e para o seu desenvolvimento como ser humano e social, promovendo sua participação na sua comunidade local e global, assumindo e enfrentando o desafio de expandir a sociedade em rede.
Referências

CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo: A Sociedade em Rede do conhecimento à acção política. In: Conferência. 4 e 5 de março de 2005. Centro Cultural de Belém. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2005. p. 434.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2ª ed. São Paulo: Aleph, 2009.

MERCADO, Luis Paulo. Integração de mídias nos espaços de aprendizagem. Em Aberto, vol.: 22, Nº 79. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais Anísio Teixeira (Inep). Brasília, Jan. 2009. Disponível em: www.oei.es/pdf2/em_aberto_vol_22_n_79.pdf. Acesso em 05/11/2014.

MONTANARO, Paulo Roberto: A internet e a inclusão digital - Material Didático das Oficinas Tecnológicas. Curso de Gestão Escolar. 2014. p. 10.


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