Práticas educativas
através das redes sociais:Elementos Facilitadores e Dificultadores.
Apesar de todos os avanços tecnológicos
das últimas décadas, existem, ainda, desafios a serem enfrentados pela rede do
ensino básico, entre os quais está a utilização das ferramentas tecnológicas a
favor de uma educação de qualidade. Vivemos no mundo da tecnologia, onde
não se questiona mais sobre a utilização ou não desses recursos, mas sim a
melhor forma de utilizá-los na instituição de ensino e colocá-los a serviço do
desenvolvimento cognitivo e afetivo, da formação de valores, da cooperação e da
solidariedade transformando as relações humanas, garantindo o direito à
educação, direito básico, que possibilita o acesso aos outros direitos e à
cidadania plena.
Quando se pretende alcançar determinado objetivo o
conhecimento é a premissa para o sucesso da proposta. Educadores e
educandos devem criar um ambiente de aprendizagem de acordo com o currículo
pensado, pois assim há muito mais possibilidades de se chegar ao objetivo
proposto.
Montanaro, em seu texto A INTERNET E A INCLUSÃO
DIGITAL trata da exclusão digital como uma característica muito particular de
estar sendo inserida na rotina e no cotidiano social, independentemente de
classe, etnia, religião, sexo ou tantas outras diferenças, tratando quem não se
adéqua a ela como um estrangeiro deslocado. Ele afirma:
A sociedade em rede
da qual se tem falado não é um fenômeno que se dá pela livre e espontânea
vontade de todos os indivíduos do espaço comum, mas sim como uma nova ordem
social que emerge enquanto alternativa às dinâmicas que se estabelecem em um
mundo cada vez mais conectado, cada vez mais globalizado. Se outros eventos
(como correntes filosóficas e políticas, ideologias, etc.) contam com a adesão,
ou o desejo de participar de seus atores, a sociedade conectada à era da
informação eclode internamente de tal forma que se retroalimenta o suficiente
para que os diferentes sujeitos não tenham mais como escolher livremente estar
ou não inseridos.
MONTANARO, Paulo Roberto in A Internet e a Inclusão Digital, p.4
A
utilização das redes sociais na educação é um grande desafio, embora
praticamente todos os alunos saibam as técnicas de utilização, falta
conscientização e orientação para o uso das redes na promoção da inteligência
coletiva e da colaboração para que a aprendizagem seja realmente
significativa e relevante socialmente.
Ressaltamos as facilidades e dificuldades para o uso das redes sociais como
ferramenta pedagógica para potencializar a aprendizagem. Como se vê, o que nos
preocupa não é exatamente a utilização dessas ferramentas, uma vez que todos os
alunos dominam e acompanham as modernizações dos mesmos e de seus aplicativos,
cada vez mais autoexplicativos e eficientes. O que nos cabe aqui como reflexão
é a tutoria dessa aula, que ainda deve ser do professor. Este sim carece de uma
formação adequada para otimização do tempo/espaço com metodologia adequada à
proposta pedagógica e utilização dessa ferramenta, que fica em cima da carteira
escolar.
A
quem cabe essa formação? Quem tem experiências efetivas colocadas a favor dos
docentes da rede pública de ensino? O que dizem as pesquisas sobre políticas da
formação docente?
As
pesquisas cresceram nos últimos anos e o mapeamento da produção acadêmica na
área de educação, segundo Andre (2009) mostra que em 1990 a formação de
professores girava em torno de 7%, passando para 22% no início de 2000 e
chegando a 53% do total dos estudos, em 2007. A intenção é de ouvir os professores
para saber o que pensam, sentem e necessitam para alcançar um ensino de
qualidade que se reverta em uma aprendizagem significativa para todos os
alunos, diz o autor.
O mundo mudou muito nas últimas décadas e valores,
saberes, tecnologias e forma de trabalhar na escola também se alteraram. Por
força dessas mudanças, é necessário introduzir novas formas de organizar e
realizar o nosso trabalho. Outro aspecto importante é adolescentes e jovens não
toleram mais a escola da forma como ela se apresenta. Hoje, eles necessitam de
estímulos e outras motivações, pois ter somente um professor para transmitir
informações não lhes parece suficiente. Freire (1970) propôs uma nova educação
que ia contra a Educação Bancária que ele criticava pelo fato desta passar conteúdos
de forma descontextualizada, sendo que o aluno deveria receber o conhecimento
de forma passiva, sem conhecer sua realidade e sem propor reflexão ou quaisquer
questionamentos sobre isso. Freire propôs a Educação Libertadora, no qual o
processo de ensino-aprendizagem não é imposto, mas é desenvolvido por meio do
diálogo e da troca de experiências entre alunos e professores. Sendo assim, o
aluno, como individuo, constrói seu próprio conhecimento e é a partir daí que
se apresenta o contexto das redes sociais, onde alunos e professores
compartilham informações, conhecimentos e trocas de experiências vivenciadas
tornando o aprendizado mais construtivista.
No entanto, pressupõe-se que a sociedade em rede
está colocada e aqueles que não estão inseridos nesse contexto, seja por opção
pessoal ou por falta de condições financeiras para ter acesso às
tecnologias, estão à margem social. Freire, 2010, nos ajuda a
pensar sobre a questão de se tentar inserir um elemento na cultura e na
sociedade sem a reflexão, buscando somente a familiaridade com ferramenta de
forma técnica:
A visão tecnicista da educação, que a
reduz a técnica pura, mais ainda, neutra, trabalha no sentido do treinamento
instrumental de educando. Considera que já não há antagonismo nos interesses, que
está tudo mais ou menos igual, para ela o que importa mesmo é o treinamento
puramente técnico, a padronização de conteúdos, a transmissão de uma
bem-comportada sabedoria de resultados. [grifos do autor] (FREIRE, 2010, p.79)
Como esperar que
uma sociedade onde grande parte de seus indivíduos ainda não sabe ler ou
escrever tenha condições de se apoderar de todas as potencialidades de um meio
que, por mais que se utilize de tantas linguagens diferentes, ainda se baseia
prioritariamente no texto escrito? Ou, mesmo aquelas pessoas que são munidas de
letramento, o que esperar se não há um trabalho intenso de mediação e de
construção de sentido para se apoderar daquela mídia para transformação de sua
realidade? A questão da exclusão digital está, sobretudo, ligada a um universo
muito maior, o da educação.
O
ponto principal e que aqui se destaca é a necessidade de novo perfil
profissional para enfrentar os desafios de ensino e de aprendizagem no momento
atual e no futuro. Isso requer que os docentes trabalhem coletivamente e
adquiram competências pedagógicas baseadas em novos fazeres, o que exige da
própria escola uma maior responsabilização sobre a gestão de todos os
profissionais que lá estão.
Dentro das novas condições em que nos encontramos, a configuração do trabalho
em equipes tornou-se um fator crucial para o bom êxito da escola, pois as
equipes são capazes de melhorar o desempenho das pessoas que lá estão. Enquanto
tarefas exigem esforços individuais, o trabalho coletivo desponta para
múltiplas habilidades e reconhece talentos, experiências e apresenta resultados
mais eficazes. Equipes dosam medidas, são mais flexíveis, dividem
responsabilidades. Assim, têm capacidade para se estruturar e criar ou recriar
novos planos de trabalho.
Para
mediar o trabalho coletivo pautado pelas tecnologias da informática e da
telecomunicação, a equipe deve reunir seus membros: professores, direção e
mediadores em alguns encontros presenciais, dentro de um espaço físico pensado
para essa finalidade de trocas de experiências e acompanhamento e atualização
da proposta.
Quando se pretende alcançar determinado
objetivo o conhecimento é a premissa para o sucesso da proposta. Educadores e
educandos devem criar um ambiente de aprendizagem de acordo com o currículo
pensado, pois assim há muito mais possibilidades de se chegar ao objetivo
proposto.
Se a
internet é uma ferramenta importante no processo dessa aprendizagem e está cada
vez mais próxima dos alunos e professores, a proposta de seu uso adequado é que
fará toda diferença na força desse trabalho, ao revelar o currículo na sua
notória importância pedagógica. As redes sociais por si só não favorecem o
aprendizado, daí a importância do uso criterioso e vigiado, com atitudes
respeitosas e éticas. Elas podem ampliar as possibilidades de aprendizagem
através do seu poder de compartilhamento. É também nesse espaço que os
professores podem enviar tarefas referentes às aulas, postar links de pesquisa,
trabalhar vídeos e aulas agendadas, além de divulgar resultados das provas e
trabalhos realizados em sala de aula.
As redes sociais devem insistentemente contribuir
para o processo educativo nas escolas da educação básica, pois o que se vê
diariamente é o uso de ferramentas - facebook, twitter, what'up, utilizadas
quase tão somente a favor da comunicação social, para estabelecimento das
relações interpessoais. Há, ainda, um sistema operacional instalado nos
computadores dotado de aplicativos relativamente simples, criados para
possibilitar que o usuário realize alguns trabalhos rápidos.
Através da conscientização dos profissionais
da Educação, dos pais e dos alunos, a redes sociais não vão desviar a atenção
dos alunos e atrapalhar o rendimento da aula como muitos ainda pensam. Ao
contrário, podem ser utilizadas no processo educativo na direção de preparar os
alunos para serem mais autônomos, flexíveis, criativos e prontos para o
desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao mundo do trabalho.
No trabalho
com as redes sociais, o professor oferece um amplo campo para o diálogo,
manifestação de dúvidas - fóruns - além de utilizar recursos e ambientes
interativos, os quais incentivam as trocas de saberes entre os alunos. É dessa
forma que se aprende a respeitar opiniões alheias. A aproximação entre
professores e alunos dentro das redes sociais, com foco na educação de
qualidade, fortalece os vínculos sociais nas salas de aulas permitindo um
avanço na cultura educacional das instituições de ensino, e é por este e outros
motivos que as redes sociais contribuem com sucesso para o aprendizado.
O que
se espera de uma proposta que acompanha as demandas desse novo tempo é que
professores e alunos utilizem, além das redes sociais, outros aplicativos que
facilitam a interatividade, o compartilhamento de informações, o trabalho
colaborativo e o design centrado no usuário, a exemplo dos Blogs, fotologs e
videologs. São sites que contém uma padronização prévia sobre a forma de
apresentação dos diversos conteúdos inseridos por seu(s) autor(es) ao longo do
tempo. Os Blogs são mais comumente associados a conteúdos textuais (mas também
permitem inserção de elementos multimídia, como imagens, vídeos, músicas,
scripts interativos, etc.); fotologs são blogs específicos para divulgação de
imagens estáticas; videologs são específicos para publicação de vídeos e esses
aplicativos comumente estão associados a espécies de diários pessoais e
profissionais, e apresentam interfaces bastante amigáveis para usuários sem conhecimentos
de programação Web, como é o caso dos fóruns de discussão utilizados em nosso
curso EAd.
Referências
MONTANARO, Paulo Roberto. A
Internet e a Inclusão Digital - OFICINAS TECNOLÓGICAS - MATERIAL DIDÁTICO
MONTANARO, Paulo Roberto. Uma
Sociedade em Rede - OFICINAS TECNOLÓGICAS - MATERIAL DIDÁTICO
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido.
São Paulo: Paz e Terra, 1970.
Autores:
Cristiane Andrade Vieira
Luiza Cristina Simplicio Moura
Sueli Vitória Zurssa
Vera Lúcia Nicomedes Macedo
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